Virgílio Castelo é o protagonista de “Terra Nova”. Numa altura em que se fala de escassez alimentar, que resultou num aumento do preço do bacalhau, quando faltam apenas dois meses para o Natal, devido a uma crise global nas matérias-primas e no sector do transporte de mercadorias, o filme já está no ar.

Esta trama descreve a “epopeia dos homens do bacalhau”, que durante anos se sacrificaram para sustentar as suas famílias, como nos contou o ator que dá vida ao Capitão Silva. “Este é um tema que é completamente menosprezado pela nossa sociedade”, atira Virgílio Castelo, de 68 anos, revelando que aprendeu muito sobre a pesca do bacalhau com a realização deste filme.

“Estes homens, quando iam para a Terra Nova, tinham sobre eles uma espada. Eles ganhavam à percentagem, todos eles, desde o capitão, que é a personagem que faço, até ao marinheiro mais simples. As famílias todas apostavam naqueles seis meses de pesca, em que todos aqueles homens se sacrificavam. Morriam imensos, não havia condições. Aquilo era duríssimo e podia acontecer não haver bacalhau, que é o que acontece nesta história”, diz o ator.

Sobre os bastidores das rodagens em alto-mar, Virgílio Castelo revela: “O mais difícil, e o que torna o filme mais interessante, é a relação que se estabelece entre homens que têm respeito pelo mar. Estar no meio do mar sem ver nada à volta, e o barco andar com ondas de sete, oito metros, e o estômago vir à cabeça, tudo isso cria um estado de permanente alerta. Isso cria um espírito de entreajuda que se vê no filme.”

Feliz com a estreia deste projeto, que viu a sua exibição adiada por conta da pandemia, Virgílio Castelo relata que aproveitou os meses de confinamento para criar. “Tinha coisas pensadas há vários anos e concretizei uma série que escrevi para televisão e que foi aprovada pela RTP. Trabalhei num terceiro romance, que se trata de uma reflexão sobre a morte e Deus, portanto não tenho referências, é tudo muita imaginação, especulação, e tem sido mais difícil desenvolver a história inicial que tinha na cabeça”, diz, sublinhando ainda que tão depressa não irá voltar à televisão: “Fiz três novelas seguidas. Entrei na ‘Nazaré’, depois fiz ‘Terra Brava’ e ‘A Serra’ [todas da SIC]. Agora é natural que durante algum tempo não apareça em televisão.”

 

Virgílio Castelo: “Tive tios internados”

 

Aos 68 anos, Virgílio Castelo revela que até agora conseguiu escapar imune ao vírus da COVID-19. No entanto, há familiares que não tiveram essa sorte. “Tive tios que estiveram internados, que ficaram em coma, então houve ali umas coisas um pouco complicadas, mas no meu círculo não houve grandes preocupações”, confidenciou.

 

Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Nuno Moreira e Arquivo Impala

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1807 da TV 7 Dias)