Tiago e Luan sobre ADOÇÃO: «Ainda não preenchemos todo os requisitos»

Tiago Rufino e Luan Tiófilo tornaram-se conhecidos do público com a entrada na Casa dos Segredos 7. O casal, que renovou recentemente os votos, conta tudo sobre a relação.

14 Fev 2019 | 22:05
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Conquistaram o país com a sua história de amor e agora, três anos depois de iniciarem a relação, garantem estar cada vez mais apaixonados. Tiago Rufino e Luan Tiófilo ganharam notoriedade ao participar na sétima edição da Casa dos Segredos, TVI, e confessam que a entrada no programa de televisão foi a alavanca para que a família conseguisse aceitar esta união. A história já não é nova mas há pormenores nunca antes revelados. Em entrevista, exclusiva, ao site da Revista Maria a propósito do dia dos namorados (14 de fevereiro), o casal conta como tudo aconteceu e como é que o amor surgiu mesmo estando a quilómetros de distância.

Mas não só. O dia mais romântico do ano está prestes a chegar e o casal conta-nos também os planos que têm em mente para celebrar o dia do amor. Quer saber quem é o mais romântico e o mais ciumento? Não perca o vídeo exclusivo na galeria e veja algumas das confissões mais surpreendentes.

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Entrevista completa

Como é que se conheceram?

Luan: Conhecemo-nos pela Internet e até hoje não sabemos quem começou a falar com quem. Na verdade nem sabemos quem adicionou primeiro. Fomos emigrando de aplicação em aplicação.

Tiago: Começámos pelo Snapchat mas aí não falávamos. Mais tarde encontrei o Instagram dele e pedi para o seguir. Passámos para o Facebook e por fim o Whatsapp. A partir daí começamos a falar mais. Pensava que era só uma conversa normal e que não ia dar em nada porque estava a falar com uma pessoa que não conhecia e, nem eu nem ele, jamais nos tínhamos encontrado com alguém que não conhecêssemos.

Quando ganharam coragem para se encontraram?

Tiago: Estava sempre a inventar desculpas para não fazer vídeo chamada. Eu achava que ele era bonito demais para mim e que não iria ter qualquer hipótese. Lá ganhei coragem e fiz o vídeo. Já falávamos todos os dias e chegava a ficar acordado até às 04h00 para falar com ele. Sete /oito meses depois comprei a passagem para o Brasil.

Havia algum receio para esse encontro?

Tiago: Sim. Tinha receio. Mas como falávamos por vídeo, já sabia que esta pessoa existia. Contei a duas amigas, por segurança, caso me acontecesse alguma coisa. Dei os contactos dele, as moradas, tudo, caso fosse assassinado. Disse à minha família que ia estudar, mas na verdade eu ia conhecê-lo. Fiquei um mês na casa dele. Menti porque eles não iriam aceitar que eu fosse viajar porque estávamos mal financeiramente e também por ser uma pessoa que não conhecia.

Foi nessa altura que percebeu que gostava de homens? 

Tiago: É um pouco estranho. Sempre fui sensível. Não sou a pessoa mais masculina de sempre e as pessoas diziam-me isso. Mas na altura namorava como uma rapariga [Vera Mendes] não parei para pensar nisso. Nunca tive atracão por rapazes e quando comecei a falar com o Luan falava com mais um rapaz e com algumas raparigas. E foi nessa fase que comecei a perceber que alguma coisa estava realmente a acontecer e o que era inicialmente uma brincadeira começou por se tornar sério. Por isso,  tive necessidade de ir ter com ele ao Brasil para perceber se estava mesmo apaixonado.

O primeiro envolvimento surgiu de imediato? 

Tiago: Aconteceu tudo no primeiro dia. Eu disse-lhe: ‘Não venhas com essas coisas, somos só amigos, sou muito reservado e não quero pressas’. Ainda para mais, era a minha primeira relação com um homem [anteriormente teve uma relação de seis anos com uma mulher]. Dizia muitas vezes:  ‘Vai com calma, isto é tudo uma novidade para mim’. Era uma descoberta nova mas aconteceu tudo 30 minutos depois de nos conhecermos.

Luan: O Tiago estava muito nervoso. Não parava de andar de um lado para o outro. De mexer na mala e depois de lhe dar abraço, aconteceu. Dei-lhe um abraço, um beijinho e pronto… fizemos tudo.

E lidar com as saudades após o regresso a Portugal? Foi difícil?

Luan: Foi muito difícil. Trabalhava no Brasil e não tinha como largar tudo de um dia para o outro. E o Tiago tinha a questão da família. Até que chegámos à conclusão que era mais fácil ser eu a mudar-me porque já tinha estado a viver em Portugal. Falámos e decidimos tentar fazer as nossas vidas em conjunto. Vendi tudo o que tinha. Deixei tudo para trás para começar do zero.

Tiago: Arranjei trabalho em Lisboa, pedi para para ficar na casa de uns tios para organizar tudo para quando ele chegasse. Já tinha casa arrendada, tinha trabalho e começámos a viver juntos desde então.

Quando é que contaram à família? Como reagiram? 

Tiago: A minha família soube que namorava com o Luan um ano antes de entrar para Casa dos Segredos. Namorámos um ano às escondidas e outro não. Não sabiam é que éramos casados. Passei um ano inteiro para ganhar coragem para contar. Ele chegou e eu não fui passar nem o Natal nem a passagem de ano com a minha família. No ano seguinte voltou a acontecer. A minha mãe achou estranho e perguntou-me por telemóvel. Como eu já andava há muito tempo para ganhar coragem e não sabia como, vi ali a oportunidade de dizer tudo. Começou a chorar e desligou-me o telefone. Ela ficou desiludida comigo, triste, mas ao mesmo tempo dizia que já desconfiava. Depois liguei  às minhas irmãs porque ela deu-me a entender que ia acabar com a vida.

Foi difícil?

Tiago: Sim. Disse-me ‘Não queremos que venha cá, não queremos que ninguém saiba’. Aceitei, obviamente, pois foi uma período de adaptação da parte deles. Eu também o tive. Mas nessa altura eu já estava com o casamento marcado. Mas não disse. Ela já estava tão em pânico que fiquei por ali.

Luan: A família do Tiago mora num ambiente mais reservado, já imaginava que isto podia acontecer. Eu até disse ao Tiago para lhes dar um tempo para perceberem.

E para si Luan, quando é que assumiu a opção sexual? 

Luan: Teve uma reação má de início [a mãe]. Queria que eu fosse ao psicólogo. Depois começou a pesquisar e a entender melhor. Tinha 16 anos. Brincava com as minhas primas com as bonecas. A própria família percebia que eu tinha uma lado um pouco diferente. E quando se confirmou foi um choque. Eu e a minha mãe conversamos muito. Para além de mãe, sempre foi a minha melhor amiga. O meu pai não é de falar muito, de sair de casa. Mas ele sabe e aceita o Tiago.

Casaram às escondidas, sem ninguém por perto? 

Tiago: Casámos em janeiro de 2107. No dia 13. Tínhamos quatro amigas no casamento.

E agora, porquê a renovação dos votos em 2019? 

Tiago: Há dois anos casámos em Portugal e fizemos no Brasil a renovação dos votos. Encenámos praticamente um casamento. O objectivo era os familiares e amigos do Luan estarem presentes e viverem o momento connosco, uma vez que não estiveram presentes no nosso casamento. Sentimos falta. Olhávamos em volta e não tínhamos ninguém.

Luan: Ambos estávamos a preparar uma surpresa um ao outro. E quando percebemos que estávamos a preparar basicamente a mesma coisa, decidimos fazer algo.

Já tinham manifestado vontade de adotar uma criança e de iniciar o processo. Por que ainda não o fizeram?

Luan: Ainda vai demorar um pouco. Precisamos de estabilizar profissionalmente. Estamo-nos a organizar com a Casa Brigadeiro e também existe um processo muito estruturado para a adoção. Um procedimento feito com o casal para poder receber um criança. Ainda não conseguimos preencher todos os requisitos. Temos de estar pelo menos juntos há quatro anos. A nossa ideia é dar entrada no processo logo que tenhamos quatro anos.

Tiago: Sabíamos que era uma processo demorado, mas não tão complicado como tem sido. Existe uma série de regras a cumprir, até mesmo numa primeira fase. A nossa ideia é: Mal preenchamos os requisitos, damos entrada no processo. E acredito que no espaço de dois a três anos teremos uma criança nos braços. Também porque não somos aquelas pessoas que pretendem ter um filho branco e totalmente saudável. Queremos uma criança. Pode ser branca, negra, chinesa. Não nos importamos com o sexo, a etnia e também não nos importamos muito com a idade apesar que querermos uma criança até aos seis anos. Aceitamos a maior parte das doenças. Claro que não queremos adoptar uma criança extremamente doente ou que tenha pouca esperança de vida porque isso também não era bom para nós. Mas aceitamos aquelas doenças como trissomia 21, entre outras.

 

Texto: Márcia Alves; Fotos: Marco Fonseca
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