“Saudades tenho do meu filho”. Judite Sousa fala da morte do filho e da CNN (Entrevista)

Judite Sousa deu uma entrevista à TV 7 Dias onde aborda vários temas, entre os quais a ‘guerra’ com Joana Marques, o filho e a saída da Media Capital.

20 Ago 2022 | 21:00
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Judite Sousa ficou “triste” com o último Extremamente Desagradável de que foi protagonista. No dia 11 de maio, na Rádio Renascença, Joana Marques dedicou a sua rubrica à entrevista que a jornalista concedera a Manuel Luís Goucha, fazendo troça das palavras do então rosto da CNN Portugal. Pioneira da globalização foi o nome dado, aludindo a uma declaração feita no vespertino da TVI.

Em exclusivo à TV 7 Dias, Judite Sousa fala abertamente sobre o assunto. “Essa pessoa fez-me bullying nos últimos anos. O humor também pode ser uma arma de agressão. Acontece que não foi a primeira vez que esse programa fez humor com base em palavras minhas. Ou seja, há uma prática reiterada”, acusa a jornalista, que saiu da Media Capital ao fim de oito meses.

Recordando o dia em que conversou com o apresentador, a profissional diz que “qualquer pessoa honesta percebeu que estava profundamente afetada do ponto de vista psicológico”, devido a uma surpresa que lhe foi feita por Goucha. “Tem de haver honestidade no humor! Eu estive 50 minutos em frente a uma câmara de televisão a chorar compulsivamente e isso não é normal. Eu nunca pensei que os amigos do meu filho aparecessem a dar o seu testemunho. Foi uma completa surpresa e um choque emocional para mim. A partir do momento em que eu vejo as caras dos amigos do meu filho, eu estou a ver o meu filho à minha frente”, diz, emocionada.

As lágrimas que Judite Sousa deixa cair mostram como a rubrica a afetou. “Como é que essa mulher, que é mãe, não percebeu isto e agarrou-se a três ou quatro coisas que eu disse, descontextualizando-as, para me agredir? Não o vai fazer nunca mais! Sabe porquê? Porque eu saí do espaço público. Se agora quiser gozar com alguém, que goze com quem está no ativo! Não goza mais comigo! Não goza mais com a minha dor! Não goza mais com as minhas palavras, ditas num clima de grande violência emocional!”, exclama.

“No meio do turbilhão de emoções que foi aquela entrevista”, Judite Sousa declarou ter sido pioneira da globalização, uma afirmação destacada por Joana Marques na sua rubrica. Agora, a jornalista explica o que quis dizer. “Quando eu disse que fui pioneira da globalização, usei uma metáfora! Eu não me quis comparar ao Vasco da Gama nem ao Bartolomeu Dias! Só pessoas maldosas e invejosas é que não quiseram entender o que eu disse! Aquilo que eu quis dizer foi que eu, com 19 anos, em 1979, saí do Porto para entrar num avião que aterrou na China. Não há muitos jornalistas em Portugal que possam dizer o mesmo do que eu! Ou, se calhar, não há mesmo nenhum que tenha esta história de vida para contar. Eu tenho! E tenho muito orgulho nela!”, garante, acrescentando que quis fazer “referência da circunstância de, do ponto de vista jornalístico, ter sido uma precursora da globalização”.

“Hoje em dia, todos nós falamos dos jovens que vão trabalhar para fora. Eu fui com 19 anos e já tenho 61. Foi isso que eu quis dizer! Só pessoas desonestas intelectualmente é que não perceberam isso! Mas não vai haver mais nenhum pretexto para que ninguém, seja quem for, faça chincalha à conta do meu sofrimento psicológico e à conta da minha dor”, diz Judite Sousa, emocionada.

Judite Sousa: “Saudades tenho do meu filho”

Em entrevista à TV 7 Dias, Judite Sousa explica ainda o que quis dizer quando declarou ter tomado uma “decisão de vida” ao deixar a CNN Portugal. “Decidi não ser mais uma figura pública. Sou uma cidadã normal, não sou mais uma figura pública. O que significa que não pode existir mais à minha volta escrutínio público e mediático. É assim que quero viver o resto dos meus dias”, afirma. Para a jornalista, “tem de ser possível” isto acontecer. “Se não for possível, terei de recorrer às instâncias competentes”, avisa.

Para trás, ficam mais de quatro décadas dedicadas ao jornalismo. Regressar ao ativo está, por isso, fora de questão. “Essa vida acabou. Paguei um preço muito elevado”, reflete, emocionando-se. Apesar da voz embargada, o antigo rosto da CNN Portugal assegura que “foi” fácil tomar estar decisão: “Foi uma decisão que eu vim a elaborar e a ponderar na minha cabeça de há uns meses a esta parte”. E haverá espaço para saudades? “Saudades tenho do meu filho”, desabafa, referindo-se a André Sousa Bessa, filho único, que morreu em 2014. “Não há saudades quando se trabalhou 42 anos”, conclui, olhando com tranquilidade para o seu futuro: “Posso fazer ginástica, fazer spa, ir viajar, fazer ioga, fazer pilates… Sou livre para fazer o que quiser.”

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Impala e Reprodução redes sociais
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