Rita Marrafa de Carvalho defende Rita Pereira

A atriz foi “enxovalhada” por um cronista, e a jornalista saiu em defesa da estrela da TVI. Saiba o que se passou!

14 Dez 2016 | 11:40
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A “bronca” remonta ao mês de outubro, mas só agora se ouviram gritos de revolta.

A personagem principal desta história é RITA PEREIRA, que publicou no seu facebook um texto a falar de uma experiência que tinha adorado. “Hoje a minha mãe magoou-se (nada de grave) e pediu-me para a ir buscar ao hospital, como eu estava a mais de 1 hora de caminho resolvi chamar-lhe um CABIFY. Coloquei na aplicação o local onde ela estava e o destino e passados 6mn a minha mãe estava a ser levada a casa por um motorista super querido que lhe abriu a porta, ofereceu uma água, colocou a estação de rádio que ela quis e o ac à temperatura desejada. Top!!! Já me senti menos mal de não a ir buscar porque tive a certeza que estava a ser tratada como a rainha que é. Obrigada CABIFY!!!!”, escreveu.

Tal publicação foi alvo de críticas – e ofensas – por parte de João André Costa, cronista da publicação P3.  “Rita Pereira, a única actriz portuguesa literalmente com um olho no burro e outro no cigano, voltou a fazer das suas (…) Ora, Rita, se isto não é um anúncio, eu sinceramente não sei o que é. E, está claro, a Cabify não demorou a aproveitar a onda e daí tirar os respectivos dividendos, prontamente agradecendo à Rita no seguimento das centenas de comentários ao seu “post“. Infelizmente, para além de um corpo de sonho e uma conta bancária recheada (e pudessem as mulheres portuguesas passar o dia no ginásio sem ter de trabalhar ou levantar às 5h40 e, estou certo, seríamos um país de modelos e actrizes de novela), pouco ou mais nada tem no que respeita a consciência social ou conhecimento de causa sobre a realidade das plataformas online e de que modo as mesmas ameaçam os direitos e garantias dos trabalhadores, caso contrário não terminaria o seu ”post“ a pedir mais ”Cabifys“ na zona de Cascais (que bem, sei lá). Porque a Rita não sabe que o seu motorista ”super querido“ não só não tem carteira profissional como conduz nas horas vagas. De igual modo, tivesse o motorista tido um acidente a caminho do hospital e não haveria seguro para valer à sua mãe. Mais, o motorista não tem contrato de trabalho, subsídio de alimentação, férias ou subsídio de doença, trabalhando ”por conta própria” a um preço mais reduzido. E se hoje trabalha a um preço mais reduzido, quando não existirem mais táxis a circular na via pública a Uber e a Cabify vão ter rédea solta para praticar os preços que muito bem entenderem. Porque a Rita é uma figura pública e tudo quanto diz tem o devido impacto na vida de milhares de pessoas, sendo de lamentar a falta de conhecimento de causa de quem pretende atravessar uma batalha incólume, sem mortos ou feridos, quando quem vai à guerra, lá diz o ditado, dá e leva.” 

Não ficando indiferente ao texto do cronista, a jornalista da RTP, RITA MARRAFA DE CARVALHO  saiu em defesa da atriz da TVI, e mostrou-se revoltada pela forma como Rita foi tratada, dizendo que a jovem não é, nem pode ser, a arma de arremesso de argumentos que até podem ser válidos mas que caíram rapidamente no lamaçal do insulto barato”.

Veja em baixo o texto completo da jornalista:

“Sabes, Rita, eu não te conheço. Nunca te vi em lado nenhum sem ser na televisão. Confesso que não acho que sejas uma actriz brilhante, mas a minha opinião conta zero na tua vida. Mas fiquei muito surpreendida com algumas entrevistas tuas e com a imensa capacidade que revelaste em rir de ti e daqueles que teimam em chamar-te estrábica, como se fosse isso que te definisse. Por isso, passei a achar-te alguma graça. Além daquela inveja de quem olha para esse corpalhaço. Pois claro que sim. Gostava de ter essas pernas e glúteos e a elegância de quem “malha” (detesto ir ao ginásio e transpirar sem bons motivos). Por isso, serei sempre aquela pessoa que pertence ao lote de mulheres que te inveja a figura mas que vai sempre tentar encontrar um defeito para se sentir um pouco melhor com as suas imperfeições. Ó, caramba! Sou humana. E, humanamente falando, aqui me confesso. 

Já disse que não conheço a Rita mas conheço muitas outras actrizes. Sei que, como ela, passam horas infindáveis em filmagens, em estúdio. Doze, catorze horas seguidas. Tempo para ginásio é com sorte e, honestamente, deverá ser um imperativo de sanidade mental. E o tempo que lá passa é, única e simplesmente, problema dela. Na verdade, soube por uma colega de ofício, a Helena Canhoto, que, num jornal de referência, alguém fizera uma curta mas dura crónica sobre uma publicação tua numa rede social. Assisti aqui ao destilar de preconceito, despeito, desrespeito… em suma, um texto putrefeito.

Não me interessa com quem sais ou dormes. Se conduzes ou se andas de táxi. Se usas Uber ou Cabify. Na verdade, também ninguém tem que opinar sobre que marcas escolhes para dar a cara. És atriz. Tens um rosto. É esse o teu cunho e instrumento de trabalho e é de imensa inteligência usá-lo. Os jornalistas, com código deontológico, não o podem, por razões óbvias, fazer. Mas muitos lamentam-no. Ganha-se muito bem na publicidade. Ganha-se muito mal no jornalismo. Adiante… Como tal, se te apetece escrever sobre um serviço que está em vias de ser legalmente formalizado, és livre de o fazer. Ser quiseres agradecer a gentileza do motorista que levou a tua mãe ao hospital, isso chama-se generosidade. Empatia. Palavra que não se adequa a quem te apelida de “a única actriz portuguesa literalmente com um olho no burro e outro no cigano”.

A Rita não é o bode expiatório das alegadas condições precárias ou das bandeiras patronais de outros. E a Rita não é, nem pode ser, a arma de arremesso de argumentos que até podem ser válidos mas que caíram rapidamente no lamaçal do insulto barato. Questiono-me se o tom seria o mesmo se a Rita se chamasse Francisco Macau ou Lourenço Ortigão. Se o post tivesse sido escrito por Ângelo Rodrigues ou José Fidalgo. Indago-me se os comentários jocosos ao estrabismo da Rita Pereira seriam feitos à calvície do José Carlos Pereira. Mas isto sou eu, que penso nestas coisas. E talvez tenha perdido uma oportunidade para estar calada. Como a Rita.”

 

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