Reveladas novas imagens da agressão a repórter de imagem da TVI. PGR abre inquérito

A Sport TV+ revelou novas imagens sobre a agressão do empresário Pedro Pinho a Francisco Ferreira, repórter de imagem da TVI, no exterior do estádio do Moreirense.

27 Abr 2021 | 19:55
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A agressão do empresário Pedro Pinho a um repórter de imagem da TVI tem motivado o repúdio de várias entidades. Entretanto, a Sport TV+ revelou novas imagens sobre o incidente, ocorrido no exterior do estádio do Moreirense, após o empate a uma bola entre e clube de Moreira de Cônegos o FC Porto.

Na gravação agora disponibilizada, é Vítor Baia – vice-presidente dos dragões – quem tenta serenar os ânimos e separar Pedro Pinho do repórter de imagem da TVI. É também visível que o agressor tenta tirar o tripé ao repórter. Pinto da Costa, a poucos metros, nada fez.

 

Pinto da Costa telefonou ao Diretor de Informação da TVI

 

As proporções tomadas pelo incidente levaram o presidente dos dragões a contactar o Diretor de informação da TVI, Anselmo Crespo. Na chamada, garantiu que Pedro Pinho não integrava a comitiva do FC Porto.

“O presidente Pinto da Costa ligou-me poucos minutos antes de eu entrar para este estúdio para se solidarizar e também condenar qualquer ato de violência, este em particular. Ele teve essa atenção institucionalmente. Quis também deixar claro que este senhor não só não pertence ao FC Porto como não integrava a comitiva do clube. Não assistiu ao jogo a convite do clube. Foi esta a versão que Pinto da Costa acabou de me dar”, disse Anselmo Crespo.

No entanto, de acordo com o jornal A Bola, Vítor Baia pediu desculpas à equipa da estação televisiva pelo sucedido em nome do clube, contrariando assim as palavras de Pinto da Costa.

O Diretor de Informação da TVI revelou ainda que “Pedro Pinho já fez chegar” à estação de Queluz de Baixo “um pedido de desculpa ao nosso repórter de imagem, comprometendo-se a pagar qualquer dano que tenha sido provocado, mas recusando a ideia de que tenha havido uma agressão”. “Não é esse o relato que temos, não só do nosso colega, mas também das pessoas que lá estavam”, contrariou o responsável.

 

Crime punível com pena de prisão. PGR abre inquérito

 

De acordo com o artigo 132.º do Código Penal, a agressão a jornalista no exercício das suas funções é, à luz da lei, um crime publico, punível com pena de prisão até quatro anos.

Além disso, importa acrescentar que, por se tratar de um crime público, não é necessária a formalização de uma queixa para que a GNR atue. Tampouco admite desistência.

Nas imagens posteriormente divulgadas pela TVI, é audível o apelo do repórter ao agente da GNR ali presente que identifique o homem que o estava a agredir. Tendo presenciado a agressão, a GNR poderia ter detido Pedro Pinho por flagrante delito.

Entretanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que já foi instaurado um inquérito ao caso.

 

TVI “repudia veementemente a agressão” em comunicado

 

Em comunicado, “a Direção de Informação da TVI repudia veementemente a agressão que o seu repórter de imagem Francisco Ferreira sofreu na segunda-feira à noite, após o jogo entre o Moreirense e o FC Porto, tendo como protagonista o empresário de futebol Pedro Pinho.”

“A TVI apela às entidades competentes e às forças da manutenção da segurança e da ordem públicas para que se crie condições de proteção das equipas de reportagem que cobrem este tipo de eventos desportivos”, pode ler-se na mesma missiva.

A estação de Queluz de Baixo fez ainda questão de sublinhar que “distingue a instituição Futebol Clube do Porto de outros agentes e reserva-se a faculdade de proceder judicialmente contra os responsáveis pelas agressões e pelos danos causados ao material de trabalho do repórter de imagem”.

 

Conselho de Redação TVI “ao dispor para o que for necessário”

 

Também o Conselho de Redação da TVI “repudia veementemente”, em comunicado, as agressões a um repórter de imagem da casa “e solidariza-se de forma integral e completa com o colega em causa, colocando-se ao dispor para o que for necessário”.

“O Conselho de Redação da TVI lembra que situações como a que se passou esta segunda-feira constituem um crime e são ofensivas e limitativas de direitos previstos na Constituição: o direito de um jornalista a trabalhar em Liberdade e sem condicionalismos e, por consequência, o direito de cada cidadão a ser informado”, vincou.

“A agressão de um jornalista no exercício da sua profissão é inadmissível, injustificável e repudiável a todos os níveis. Nada, mas nada, muito menos os ânimos exaltados que marcam um final de um campeonato de futebol, justificam atitudes como a que se verificou esta segunda-feira”, rematou.

 

Texto: Tomás Cascão e Dúlio Silva; Fotos: reprodução TVI
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