Pedro Ribeiro assume fase “muito difícil” na TVI: “Não era a melhor altura para chegar”

Pedro Ribeiro falou pela primeira vez abertamente sobre a sua passagem pela Direção de Programas da TVI, onde esteve apenas seis meses. “O primeiro público que tens de ganhar é o interno”, refletiu.

14 Mar 2021 | 21:30
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Pedro Ribeiro, de 50 anos, foi nomeado Diretor de Programas Executivo da TVI em fevereiro do ano passado e, surpreendentemente, abandonou o cargo apenas seis meses depois, dias após a oficialização do regresso de Cristina Ferreira à estação como diretora e acionista. Pela primeira vez, o Diretor de Programação da Comercial falou abertamente sobre as dificuldades vividas no canal.

Foi em entrevista a Rui Maria Pêgo e Ana Martins, no dia em que a estação de rádio assinalou 42 anos de emissões, que Pedro Ribeiro abordou publicamente o assunto. “Eu quis ir experimentar esse lado e perceber como é que é pensar programação de televisão com a noção de que ia aprender. A primeira coisa que se aprende – e digo isto mesmo sem amargura – é: ‘Se vais ter o título de diretor de conteúdos, então que possas dirigir conteúdos’. Ou seja, que as escolhas sejam tuas, que possas ser responsabilizado por elas, que te dêem condições para trabalhar e para decidir… E isso foi difícil“, admitiu o radialista, no programa “Era o Que Faltava”.

O anfitrião das “Manhãs da Comercial” salientou também as circunstâncias em que se deu a sua entrada na TVI. “Eu entrei a 1 de fevereiro e a 11 de março estávamos confinados. Depois, estive lá até julho. Quando trabalhei na direção da TVI, trabalhei mais em casa do que propriamente na TVI. Isso também não ajudou”, constatou.

 

Pedro Ribeiro recorda “convulsões à volta da mudança acionista” da dona da TVI

 

A pandemia da COVID-19 não foi a única contrariedade com a qual foi confrontado. “As circunstâncias em que estávamos, com as convulsões à volta da mudança acionista, que era para ser num sentido e depois foi para outro… Andámos ali numa situação mesmo difícil até se compor a solução de hoje, que é uma solução estruturada e com condições para trabalhar, condições que nós não tivemos na altura“, afirmou, referindo-se à possibilidade de compra da Media Capital pelo grupo Cofina, negócio que acabou por ruir. Mário Ferreira avançou, entretanto, para a compra da empresa que detém a TVI.

Pedro Ribeiro não vacilou quando disse que a sua passagem pela Direção de Programas da estação de Queluz de Baixo “foi, de facto, uma aprendizagem”. Mas confessou que não pondera repetir a experiência. “Não me desiludiu no sentido de estar à espera de uma outra coisa. Agora, uma coisa é certa: para eu voltar a trabalhar em televisão a esse nível, terá de ser de outra maneira. E não sei se voltarei, sinceramente… Já lá fui, já experimentei, já vi como é, muito giro…”, disse.

 

Pedro Ribeiro admite: “Cheguei numa altura muito difícil para a própria TVI”

 

O Diretor de Programação da Comercial acabou também por falar sobre o facto de ter chegado à TVI numa altura em que o canal estava largamente distanciado da líder SIC. “Cheguei numa altura muito difícil para a própria TVI. Não era a melhor altura para chegar”, assumiu, acrescentando: “É mais fácil chegar-se a uma casa que está em grande forma, a ganhar, o que não era o caso.”

“O que eu aprendi, entre outras coisas, foi que, de facto, a questão da dimensão é muito marcante. Uma televisão é muito grande, tem muita gente… E faltava fazer uma coisa que foi preciso fazer aqui a seu tempo e que não houve tempo de fazer lá – e que acho que está a ser feita… O primeiro público que tens de ganhar é o interno. As pessoas têm de acreditar no mesmo e têm de remar todas para o mesmo lado. E não pode haver aquela síndrome, que já existiu aqui [na Comercial], de ‘tudo o que os outros fazem é muito bom e nós não vamos a lado algum'”, defendeu. “Aos poucos”, vincou Pedro Ribeiro, “está a ser conseguido” reverter esse pensamento na TVI.

O radialista rematou o assunto partilhando o seu ponto de vista sobre o panorama televisivo a nível de audiências. A diferença entre a SIC e a TVI, note-se, diminuiu consideravelmente nos últimos meses. “Acho que, em televisão, dificilmente vejo um período longo em que um canal tenha uma hegemonia e ganhe a outro com cinco ou seis pontos de avanço por ‘default’. Acho que isso não vai acontecer, que vai ser muito equilibrado, que vai ser dia-a-dia, quase minuto a minuto, e que não vai haver uma estação que ponha a outra no bolso. Acho que isso, nos próximos tempos, não vai acontecer”, sustentou.

 

Na mesma entrevista, Pedro Ribeiro revelou ainda que recusou apresentar um programa das tardes da SIC em que teria Rita Ferro Rodrigues como parceira. Saiba tudo aqui.

 

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais
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