EXCLUSIVO! Big Brother: Pai de Célia morreu na miséria e abandonado pela filha

Alberto Melo viveu numa carrinha, rodeado de urina. Depois de ser internado de urgência, acabou por conseguir um teto numa casa de repouso. Um amigo acusa Célia de não lhe ligar.

07 Jun 2020 | 8:00
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Foi a 14 de outubro de 2001 que Célia Melo entrou na Igreja de Santo Agostinho, em Leiria, de braço dado com o pai, Alberto Melo, naquele que seria um dos últimos gestos de carinho trocados entre ambos. Isto porque, em 2002, os pais da ex-concorrente do Big Brother separaram-se e o pai caiu em desgraça, tendo vivido na miséria e sido abandonado pela família durante anos. Esta chapada que a vida lhe deu trouxe-lhe consequências graves. A saúde ressentiu-se… e Alberto acabou por morrer, um desfecho esperado para uma triste vida, marcada pelo afastamento da filha.

Em declarações exclusivas à TV 7 Dias, Alfredo Vale, proprietário de um café em Gulpilhares, no Porto, garante nunca mais ter conseguido saber notícias de Beto, como é conhecido naquela zona, isto depois de este ter sido internado na unidade de psiquiatria do Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, e de, posteriormente, ter sido encaminhado para o Lar Perfeito Amor, no Porto, onde acabou por falecer.

«Depois de ter sido internado, ainda se arranjou um sítio para ele ir. Ainda tentei saber coisas dele, mas ninguém me disse nada», revela quem ajudou Alberto durante vários anos, numa altura em que este se encontrava afastado da família e a viver da esmola de terceiros. «Ele já nem conseguia engolir. Eu aguentei-o aqui enquanto pude. Uma pessoa na situação dele fica muito agressiva porque o homem queria comer e não podia», recorda Alfredo.

O início da desgraça aconteceu em 2002, altura em que Elsa, a sua então esposa e mãe de Célia, saiu de casa. Pouco depois, Beto recebia ordem de despejo e a rua passou a ser o seu lar. O local onde pernoitava variava. Chegou a dormir perto do Clube Cultural de Atletismo no bairro degradado de Bonjóia, no Porto, entre folhas de jornais e recortes de revistas.

Depois esteve a dormir nas escadas de emergência do antigo Centro Comercial Stop e, mais tarde, ocupou uma casa desabitada e degradada no referido bairro, que estava para ser demolida. Entretanto, Alberto passou a dormir num velho e abandonado Fiat Panda, que, segundo Alfredo Vale, «nem vidros tinha. No inverno, era gelo por cima. Ele dormia sentado no carro, ora ele era um homem grande. Ele sofreu muito».

Esta viatura estava localizada perto do café ainda hoje explorado por Alfredo e, perante tamanha desgraça, foi este homem que deu a mão a Alberto para que este pudesse ter melhores condições de sobrevivência. «Havia lá, no terreno, uma carrinha que estava abandonada e eu fiz daquilo uma casa. Fiz lá cama e pus fechos no interior e no exterior», revela.

No entanto, nesta fase, já Alberto apresentava alguns sinais de insanidade, garante o empresário: «Ali tinha mais condições, mas, coitadinho, uma vez fui lá ver a carrinha e ele urinava em garrafas de litro e meio e despejava-as de manhã. Ele colecionava aquelas garrafas ali e dormia no meio delas. Estava maluco já.»

 

Doente mental e abandonado

 

Além de ter de lidar com a mendicidade, Alberto Melo teve outra dura batalha para travar nos últimos anos de vida: uma doença incurável do foro psiquiátrico. Segundo uma fonte da TV 7 Dias, que pediu anonimato, o pai de Célia sofria de «uma doença muito rara, congénita e incurável, que afeta o sistema nervoso central», sem adiantar o nome da mesma. Para controlar os sintomas, este homem viveu vários anos medicado com antipsicóticos.

Aliás, de acordo com Alfredo Vale, já em 2001, aquando do casamento de Célia, este homem já se encontrava doente. No entanto, a vida de mendicidade e a falta de apoio da família tiveram um efeito nefasto no seu equilíbrio mental, que se agravou.

Com grandes dificuldades em engolir, Alberto foi perdendo peso a olhos vistos e, por esse motivo, acabou por ser transportado de urgência para o Hospital Santos Silva, onde ficou internado na unidade de psiquiatria. É que, além de praticamente já não comer, o pai de Célia apresentava também um discurso incoerente. Daqui não voltou mais à sua vida miserável. Sem ninguém para tomar conta de si, Alberto Melo foi transferido para o Lar Perfeito Amor, no Porto, onde viveu os seus últimos dias, acabando por falecer a 20 de dezembro de 2010, com 57 anos de idade.

«A Célia devia ajudá-lo e pensar que um dia pode ficar assim, tal como o filho, porque ele tem uma doença congénita», dizia Alfredo Vale à nossa revista, antes do internamento de Alberto [N.R.: ver edição n.º 969, de 12/10/2005]. Agora, 15 anos volvidos, este empresário de uma coisa tem a certeza: «Ela nunca quis saber do pai. O homem andou aí nas ruas até ser internado, claro que ela não quis saber do pai», acusa.

Aliás, na altura em que a TV 7 Dias deu a conhecer o estado em que vivia Alberto Melo [N.R.: ver edição n.º 968, de 05/10/2005], a ex-concorrente do Big Brother 1 foi dura nas palavras. «Não quero falar de absolutamente nada disso! Os meus pais separaram-se já depois de eu me casar, no início de 2002, e eu não posso estar a viver a vida dos outros. Cada um fala e vive por si», disse na altura. Agora, a nossa/sua revista voltou a tentar entrar em contacto com Célia Melo, para a confrontar com a morte do pai. No entanto, não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.

 

Morte e dupla revolta

 

Quem também já passou por semelhante situação, mas talvez mais marcante, pela solidez da relação, foi Telmo, que perdeu o pai em tenra idade. Na altura, o marido de Célia passou por um sentimento de dupla revolta: o da perda do progenitor, Inácio Verde, e o da necessidade de abandonar a tropa para tomar as rédeas do negócio de família.

Quem nos recorda estes tempos é Armando Ferreira, tio paterno do ex-concorrente do Big Brother. «O pai dele morreu há 23 anos e aquilo foi um choque muito grande porque ele era muito novo», diz este familiar, em exclusivo à TV 7 Dias, lembrando o dia em que tudo aconteceu: «O Inácio morreu numa brincadeira. Tinha estado a noite toda com uns empresários e, de madrugada, foi para o barco, para a pesca, com uns amigos na Nazaré. Não se sabe bem o que aconteceu, mas o barco virou e morreram quatro deles. Apenas dois se salvaram e foram os dois que não sabiam nadar.» Um dos afortunados era de Leiria e emigrou. O outro, oriundo da Batalha, consta na zona que nunca recuperou do trauma e ficou afetado psicologicamente.

Na altura em que tudo aconteceu, Telmo estava na tropa a prestar serviço militar há três anos, uma paixão herdada do seu pai. Inácio foi paraquedista e esteve destacado em Tancos. Sempre apoiou o sonho do filho, mas aquele trágico dia foi o ponto final no sonho do ex-concorrente do Big Brother, que teve de largar os paraquedistas para ajudar a mãe na empresa, a Metalúrgica Verde.

«O meu sobrinho, na altura, ficou muito revoltado, não só pela morte do pai, mas também porque teve de deixar a tropa para tomar conta do negócio, juntamente com a mãe», garante Armando, que nos conta ainda que o avô paterno do ex-concorrente do Big Brother nunca chegou a saber da morte do próprio filho: «O avô dele nem soube de nada. Nunca lhe contámos que o filho tinha morrido, e ele nunca soube, pois morreu um mês depois.»

Apesar da tragédia que se abateu sobre esta família, Telmo, a mãe, Maria da Encarnação, e a irmã, Liliana, tiveram de se reerguer e prosseguir. Hoje em dia, o antigo tropa, que, em 2000, não chegou a finalista no Big Brother, mas que venceu, em 2005, a 1.ª Companhia, da TVI, continua a trabalhar na Metalúrgica Verde, juntamente com a progenitora.

E foi precisamente à saída do seu posto de trabalho que a TV 7 Dias se cruzou com o marido de Célia. Ainda tentámos falar com Telmo, para que este fizesse um balanço dos últimos 20 anos, mas o ex-paraquedista prefere manter-se afastado das luzes da ribalta e dedicar-se à sua família, que agora conta com duas crianças: Alexandre, de 15 anos, e Rafael, de dois.

 

Veja as imagens na galeria!

 

Texto: Carla Ventura; Fotografias: D.R. e Arquivo Impala

 

(reportagem originalmente publicada na edição nº 1715 da TV 7 Dias)

 

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