Novela em que só Cristina e poucos acreditavam salvam-na das garras da oposição na TVI

Recusas de atores, elenco reduzido, custos baixos e descrédito de algumas figuras de peso do canal. Assim foi o arranque de Festa é Festa, que tirou um grande peso dos ombros a Cristina Ferreira.

16 Mai 2021 | 21:00
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Ao fim de seis meses no seu regresso a Queluz de Baixo, Cristina Ferreira conseguiu impor com consistência um produto de ficção na liderança das audiências – e logo o primeiro que cria de raiz. Mas “Festa é Festa” não teve um parto fácil. Pensado pela diretora de entretenimento e desenvolvido por Roberto Pereira, a TV 7 Dias sabe agora que a ideia não foi consensual no seio da TVI e da produtora ligada a este, a Plural. “Ninguém disse taxativamente que não acreditava no projeto, não é assim que as coisas acontecem neste meio. Notas é que muitas das pessoas que decidem não se entusiasmaram muito a falar dele. Foi isso que aconteceu, desvalorizaram. Acho que haveria até quem queria queria que ela, [N.R. Cristina Ferreira] se espalhasse ao comprido”, conta-nos uma fonte das TVI, ligada à criação da trama que, para além da desconfiança em torno de Cristina Ferreira também acrescenta o nome do autor. “O Roberto Pereira é alguém que não era creditado nesta ficção, até porque ele conotado mais com a ficção ligada à comicidade, a seriados cómicos. Não é um produto que apresentava um elenco com estrelas…”

Uma outra pessoa contactada pela TV 7 Dias, que mantém o anonimato por temer represálias, confirma que a apresentadora, para além da oposição externa, fruto da sua saída da SIC e do facto de ter sido Mário Ferreira, em rota de colisão com a Cofina, a escolhê-la para regressar a Queluz de Baixo, também não tem tido vida facilitada no regresso, refugiando-se nas sua task-force. “A Cristina e o João Patrício são os grandes impulsionadores do Festa é Festa”, conta-nos dizendo que “o autor Roberto Pereira e o realizador, Tó Correia, não hesitaram em dar-lhe vida juntamente com a Gabriela Sobral e mais tarde o Joaquim Nicolau, que foi chamado para dirigir os atores. Para além deles, nunca houve muito entusiasmo de algumas das pessoas que mandam na TVI”, refere salvaguardando que a da parte artística sempre houve muita vontade de o fazer. O pro

Ao fim de uma semana sempre a liderar e apesar de no arranque da segunda não ter entrado vitoriosa, mas sendo a novela mais vista do canal, Cristina Ferreira conseguiu respirar da pressão das audiências. “Nestas coisas já se sabe, há quem não disse nada no início, mas agora que até ganhou, é hora das palmadinhas nas costas”, diz-nos quem assistiu de perto a tudo o que envolveu o nascimento da novela e que não tem igualmente dúvidas: “Se a escolha da Cristina não tivesse vingado, aí, os que se calaram diziam logo: ‘eu avisei!’. Ainda não foi desta”, remata sem esconder que, neste caminho, Cristina não sai isenta de alguns erros: “Devia ter-se resguardado mais. O trabalho de apresentadora deu-lhe uma exposição maior que acabou por prejudicá-la.”

Passo atrás precioso

Como já foi dito, a novela foi pensada em dezembro de 2020, apenas quatro meses antes de ser exibida. Mas apesar do curto intervalo de tempo, não se pense que a tarefa foi fácil, sobretudo no que à formação do elenco diz respeito. “A estratégia inicial foi ir à concorrência buscar alguns atores que encaixavam no perfil da história que se queria contar”, diz-nos uma das fontes contactadas. Mas esse caminho esbarrou nas respostas negativas de quem estava no outro canal, como foi o caso de Fernando Rocha, que estava pensado para o papel de Bino, um dos protagonistas. “Ir buscar à concorrência nem sempre é boa ideia, mas cai-se muitas vezes nesse erro. Mas esse erro acabou por obrigar quem escolheu o elenco a dar um passo atrás para dar dois em frente”, prossegue. Com as portas dos atores a trabalhar na SIC a fecharem-se, a equipa da Plural teve ainda outra dificuldade para montar o elenco da novela: o orçamento reduzido. “Ao contrário de outras produções Festa é Festa não teve muito dinheiro para contratar e isso também criou problemas, por que de facto os valores que podiam oferecer aos atores baixou”, explica negando que, mesmo assim, seja justo chamar produção de baixo custo. “Estamos a falar de 21, 22 atores fixos, mais sete, oito, colaterais. Ela é uma produção rápida, mas não é lowcost. Ela tem investimento, os décors não são fracos”, alerta a nossa fonte.

Sobre o inesperado sucesso desta novela, uma fonte ligada à produção, revela que existe uma relação com o timing disponível para preparar Festa é Festa. “Não houve tempo para ter uma trama complexa e isso é que a salvou. O que salvou este projeto é a simplicidade do mesmo é uma história que não coloca o telespectador em apuros, a tentar perceber esta história, e há uma identificação com o real”, analisa.

Mesmo montada em tempo record, conseguiram reunir-se nomes sonantes como os de Maria do Céu Guerra, Ana Brito e Cunha e dois outsiders destas lides televisivas: Manuel Marques e o protagonista, Pedro Alves, o irreverente Bino. Acabou por ser muito bom o ‘ataque’ à concorrência não ter resultado, porque obrigou a TVI a ir por outro caminho alternativo, a meu ver melhor para o humor que se pretendia. Daí se dizer e bem, que o Pedro Alves não é segunda escolha”, diz-nos fonte ligada ao elenco, acrescentado que o facto de ver os seus atores recusar mudarem para a TVI terá dado à SIC, “uma falsa sensação de segurança e penso que acabaram por desvalorizar este produto.” A concluir, este elemento que assiste de perto ao que se vai passando em torno da trama não tem dúvidas que “isto tudo aconteceu na altura certa e criou-se aqui uma gerigonça que funciona. Irem buscar um autor que bateu certo, numa altura que as pessoas estão cansadas de tristeza, o que bate certo. Terem ido buscar uma diretora que queria uma coisa deste género, que apoiou e irem buscar um elenco que era improvável, mas que funciona. Nunca ninguém pensou juntar a Maria do Céu Guerra com o Pedro Alves. Nunca na vida.”

Fuga no fim-de-semana

Com o seu primeiro projeto de ficção em marcha e mesmo com o seu programa “Cristina ComVida” a não obter os melhores resultados, a apresentadora teve motivos para festejar e no fim-de-semana passado, após os números obtidos foi passar dois dias a Tróia, onde ficou instalada numa unidade hoteleira local, tendo aproveitado os dias para passear pela zona. E foi na manhã de domingo, dia da mãe, que que a TV 7 Dias a apanhou a andar de bicicleta com uma familiar do Alentejo, com quem a apresentadora já tinha sido apanhada pela nossa revista a passear da mesma forma em Vila Nova de Milfontes, no verão passado. Mal sabia a apresentadora, que nesse dia iria obter a sua primeira vitória com “All Together Now”.

Texto: Luís Correia (luis.correia@impala.pt) ; Fotos: Impala e D.R.

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