NBC: «Existem muitos artistas com VERGONHA de assumir o Festival da Canção»

Na hora de falar sobre o futuro do certame, o favorito do público na segunda semifinal recorda, em tom crítico, os tempos «em que os músicos viraram as costas ao Festival da Canção».

24 Fev 2019 | 16:50
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Com «uma carreira de muitos anos», NBC aceitou participar na 53.ª edição do Festival da Canção «no momento certo» da sua vida. O público parece estar de acordo, ou não tivesse o músico arrecadado a pontuação máxima dos espectadores, este sábado à noite, na segunda semifinal. Aos 12 pontos do televoto, o compositor e intérprete de Igual a Ti juntou dez do júri, pontuação mais do que suficiente para garantir um lugar na final do concurso.

Com «vontade de participar desde criança, desde o tempo em que ouvia Carlos Paião», NBC considera que «o Festival da Canção é, efetivamente, do melhor que existe em Portugal». O orgulho por participar é, por isso, grande. «Não quero que os nossos grandes cantores que já cá não estão cá dêem voltas no túmulo de forma desagradável. [Quero] Que fiquem felizes por estarem a ver este rol de músicos a fazer boa música, que trazem a língua portuguesa e cantam em português», defendeu o músico, na conferência de imprensa que se seguiu à eliminatória.

 

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«O sonho comanda a vida», lembrou, de seguida, NBC, «um homem em missão na música portuguesa». «O meu disco anterior chama-se Toda a Gente Pode Ser Tudo, o meu último single que teve mais expressão chama-se Espelho…. Acho que tudo isto são indicadores mais do que suficientes para as pessoas perceberem quem sou e o que quero da vida. Agora estamos aqui todos, mas quando vou para casa sou apenas um ser humano que tem dentro de si palavras que quer dizer às pessoas […]. E isto não são palavras ditas ao vento, isto é aquilo que sinto e que sou todos os dias. Por isso mesmo é que estou no Festival da Canção, na maior montra do mundo, a dizer que quero que as pessoas sejam iguais entre si e que se compreendam melhor numa altura tão adversa como a que vivemos no mundo», explanou.

 

«Houve alturas em que os músicos viraram as costas ao Festival da Canção»

 

NBC não poupa elogios à organização do certame de música, que soube reinventá-lo a tempo certo. «Houve alturas em que os músicos viraram as costas ao Festival da Canção, houve alturas em que os músicos tinham vergonha de participar no Festival da Canção. Até que houve um comandante que disse: ‘Tenho este barco nas minhas mãos e vou meter aqui pessoas que queiram remar neste barco’.»

«E foi o que aconteceu», continua o finalista do Festival da Canção 2019, acrescentando que «os músicos voltaram a olhar para o festival como uma coisa séria». Expectativa para o futuro é, portanto, a melhor: «A minha expectativa é que o Festival da Canção continue com esta direção, de modo a que todos os músicos e não músicos consigam continuar a olhar para o festival como eu o via há 30 anos e consigamos olhar para este espetáculo como o melhor espetáculo que existe em Portugal

 

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NBC espera, por isso, que os futuros participantes do histórico concurso organizado pela RTP «consigam perpetuar esta ideia por muitos anos». E que artistas gostaria que concorressem? «Os artistas que gostaria que estivessem cá são os artistas que não tenham vergonha de assumir o Festival da Canção. Porque existem muitos. Há uns que têm vergonha, há uns que acham que o festival não lhes traz nada… Isto não tem a ver com trazer ou deixar de trazer. Nós temos de estar aqui a assumir o que é nosso», responde.

Para já, o foco de NBC estará na final do Festival da Canção. O músico concorre ao lugar de representante de Portugal no Festival Eurovisão da Canção 2019, em Telavive, Israel, ao lado de Matay, Conan Osíris, Calema, Ana Cláudia, Surma, Madrepaz e Mariana Bragada. A decisão será conhecida a 2 de março, na Portimão Arena, numa gala apresentada por Filomena Cautela e Vasco Palmeirim.

 

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Texto: Ana Filipe Silveira e Dúlio Silva | Fotografias: Divulgação RTP
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