Lembra-se do Monstro de Beja? Era tio de António Zambujo e matou mulher, filha e neta!

A tragédia abateu-se sobre a família de Zambujo quando, no passado, Francisco Esperança assassinou de forma macabra a sua tia e primas. À Imprensa, o músico nunca proferiu uma palavra sobre o tema.

03 Nov 2019 | 20:55
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O relógio marcava 19h40 do dia 13 de fevereiro de 2012 quando Francisco Esperança, bêbado e em tronco nu, abria a porta do seu destino. O Monstro de Beja era detido pela polícia na sua própria residência depois de ter assassinado brutalmente à catanada a mulher, Benvinda, a filha, Cátia, e a neta, Maria, e de ter ocultado os cadáveres em casa durante uma semana, tendo prosseguido com a sua vida como se nada tivesse acontecido.

Conhecido do público pela sua voz, o atual mentor do The Voice Portugal, da RTP1, António Zambujo, foi mencionado na Imprensa, na altura, devido à sua ligação familiar com o autor do crime mais hediondo de que Beja tem memória. Sobre o assunto, o artista nunca proferiu uma palavra.

Resignado ao silêncio, António Zambujo era sobrinho de Benvinda e primo direito de Cátia, que lhe escreveu uma emocionada mensagem no seu site, em 2007, no ano em que ele editou o terceiro álbum, intitulado Outro Sentido. «Como é óbvio, não podia passar por aqui e não dizer nada ao meu primo mais giro e charmoso. Meu lindo, tens uma voz que é qualquer coisa, não é só por ser tua prima, mas não me canso de te ouvir. Não és dos tais dos funerais, pois há coisas que fizeste que me marcaram, como uma visita antes de ires trabalhar. Primo mais lindo força para este CD.»

No livro Psicopatas Portugueses da psicóloga, e ex-deputada do Bloco de Esquerda, Joana Amaral Dias, a autora recordou o caso que consternou a pacata cidade alentejana do Baixo Alentejo. No livro pode ler-se que Francisco Esperança, de 59 anos, bancário reformado, esquartejou a família e «ainda matou o cão como o gato», que também foram encontrados sem vida na habitação.

«Foi um extermínio. O Monstro matou tudo o que mexia. Depois disso, conviveu com os cadáveres das vítimas quase uma  semana dentro de casa até ser surpreendido pela PSP, em cuecas.»

 

Dívidas e relações incestuosas

 

Cerca de 48 horas após a descoberta da chacina que chocou o País, o Monstro de Beja disse à polícia que cometeu o crime para poupar a família à vergonha das dívidas a bancos, fornecedores e outros na ordem dos 300 mil euros. Revelou que a escolha da arma deveu-se ao facto de ser silenciosa e que matou a filha, de 28 anos, que por duas vezes se tentara suicidar, por esta nunca lhe ter dado alegrias.

Nem a neta foi poupada a esta matança. A criança, de apenas quatro anos, morreu abraçada à mãe porque, de acordo com o
homicida, «não teria quem cuidasse dela e iria ter uma vida de sofrimento». Joana Amaral Dias recua no tempo e conta na sua obra que «o crescimento de Cátia não foi pacífico», tudo porque o «pai foi apanhado num grande desfalque bancário e escondeu-se dentro de casa durante meses». Acabou por ser preso e solto quando Cátia já era adolescente.

No entanto, os reais motivos ficaram por saber, porque esta era uma família repleta de segredos. Quando Cátia engravidou, e o suposto pai, Tomás, com quem namorava, pediu para ser feito um teste de paternidade, o resultado acabou por ser motivo de falatório por ser negativo. «Familiares e amigos nunca souberam quem era o pai da criança e sempre existiram suspeitas de que Maria [quase a completar cinco anos quando foi morta] fosse fruto de uma relação incestuosa entre Francisco e Cátia.»

No entanto, para manter as aparências ou para proteger a imagem da filha, Benvinda continuou a afirmar que o pai da neta era Tomás. Quando a menina começou a falar e a perguntar pelo progenitor, a família justificava a sua ausência afirmando que «estava doente» ou que tinha viajado.

Em Beja, Francisco Esperança não tinha fama de mau pai. No entanto, era conhecido o seu temperamento agressivo quando bebia. Por essa razão, o reformado frequentava um centro espírita, em Sines, para se curar do vício. «Vem de lá mais  aliviado», chegou a comentar a mulher com as amigas.

A cidade de Beja vive com o rótulo de ter tido um dos piores crimes ocorridos em Portugal. O número 15 da Rua de Moçambique, onde a família Esperança habitava, continua vazio. Já a loja de lingerie da qual eram proprietários é agora uma loja de acessórios.

 

Monstro de Beja teve funeral sigiloso

 

Após o massacre, o Monstro de Beja suicidou-se no Estabelecimento Prisional de Lisboa, no dia 16 de fevereiro. Francisco usou o lençol da cama e atou-o à janela da cela onde estava preso. O corpo foi reclamado por uma pessoa próxima, que pediu sigilo sobre o funeral.

 

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Texto: Telma Santos | Fotografias: arquivo Impala

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1702 da TV 7 Dias)

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