Melânia Gomes não tem problema em dizer o que pensa, e em criança confrontava as professoras das escola. Aos 34 anos de idade, a atriz admite ser uma mulher com «chieira» por ser de Viana do Castelo e uma mulher muito «grata» à vida.

No entanto, Melânia nem sempre foi tão confiante como é hoje, a atriz já foi «insegura» e com baixa «auto-estima». Segundo Melânia Gomes, a meditação tem contribuído para que se torne uma mulher mais segura de si, mas confessa ainda ter «vestígios» de pouca «auto-estima».

Durante muito tempo, preocupou-se com coisas «sem importância». «Uma estupidez. Eu não consigo agradar toda a gente, mas eu entendia como uma validação de mim mesma», revelou.

Na infância, Melânia teve de sair de Tomar com a mãe e ir viver para Viana do Castelo. «Era filha de mãe solteira, sem pai, tivemos de fugir por causa de violência doméstica e outros problemas que existiam. Viana do Castelo foi a nossa salvação», contou.

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«Posso ter dificultado a vida da minha mãe»

Aos 18 anos, Melânia Gomes decidiu viver em Lisboa com o objetivo de ser atriz. Se pudesse voltar atrás no tempo, a atriz gostava de ter tido mais «compaixão» pela progenitora. «Eu acho que posso ter dificultado a vida da minha mãe. Eu exigia muito. Ela foi uma guerreira», disse.

A família da atriz é de África e o facto da mãe de Melânia ter ficado grávida fez com que tivessem de ficar em Portugal. «Ela engravidou de mim e não desistiu de mim», afirmou. A mãe da atriz quis ficar com o pai dela, mesmo ele já ter dado indícios de ter problemas com droga. «Ela achava que eu o podia mudar. Eu acho que quando se tem um vício desses é difícil. Eu não consegui mudá-lo», contou.

Sobre as coisas más que a mãe enfrentou, foi o pai quem lhe contou. «Ele fazia questão de me mostrar a mãe que eu tinha, ele dizia que eu tinha de ser amiga dela e que tinha passado muito nas mãos dele. Ela nunca me contou nada. Ela fazia questão de me contar as coisas boas do meu pai e ele tinha noção do mal que lhe fez», revelou.

«Eu lembro-me de dormir na rua e de vê-lo drogar-se nos jardins. Aos 12 anos decidi que não queria estar mais ali», confessa. Melânia foi sincera e direta com o pai. O ambiente em que vivia não era «normal» para a atriz e ela tinha «medo», não se sentia «segura» e «não queria» ir a esses sítios com o pai.

«Eu percebia as movimentações em casa. Eu cheguei a ir com ele durante a noite. Ele chegou a raptar-me e eu lembro-me de dormir na rua e de o ver drogar-se nos jardins. Ele levou-me, eu estava lá com ele», revelou. «Andámos por muitas estações de serviço, andei de comboio muito tempo e fomos ter ao Entroncamento. Andámos ao relento e eu pedia-lhe, imensas vezes, para irmos embora e ele metia-me as cavalitas dele. Acabou por me devolver à minha mãe passado um tempo. Depois pediu desculpa e nunca mais me raptou», contou a atriz sobre o dia em que foi raptada pelo próprio pai.

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«Senti que o abandonei»

Depois de ter decidido não passar mais férias com o pai, acabou por perder o contato. «Senti que o abandonei», disse arrependida. Melânia Gomes viveu com esse peso, o peso da «culpa», durante «muito tempo», mas soube, mais tarde que o primo estudou e fez a vida dele. Quando o avô deles morreu, o primo ligou-lhe e fizeram as «pazes». «Ele agora percebeu o que eu fiz na altura», disse.

Depois da decisão, a atriz sentiu que «nunca mais» teve pai. Dias antes de ele morrer, o progenitor encontrou a mãe da atriz e não a reconheceu, nem se lembrava que tinha uma filha. Foi a mãe de Melânia que o ajudou a recordar a vida antiga e foi aí, muito doente, que decidiu telefonar a Melânia.

«Ele pediu-me para ir vê-lo, mas achei que o devia fazer esperar. Soube uns dias depois que ele tinha morrido, mas senti que aquele telefonema foi um pedido de desculpa e um partir em paz», afirmou.

«O meu pai é amor e sei que o amor que tenho pelos animais vem dele»

Melânia contou a Daniel Oliveira que quando era criança e chorava muito o pai a metia no jardim, «fizesse chuva ou sol, estivesse vestida ou nua». A atriz perdoa o pai porque aquilo que ela assistia não «era ele».

«O meu pai era amor e sei o amor que tenho pelos animais vem dele. Eu sei que ele gostava de mim, ele hoje está mais comigo do que quando era vivo. Sinto muito a proteção dele. Eu sei que ele está por perto», revelou de lágrimas nos olhos.

«O grande homem da minha vida»

«Esqueci-me de ligar ao meu avô e aí caiu-me a ficha e apercebi-me que ele já não estava cá», conta a atriz. O grande pilar da vida da atriz era o avô. «O grande homem da minha vida», disse. Com ele, Melânia Gomes aprendeu a «perdoar», a «não guardar rancor», a «aceitar as pessoas e não a mudá-las» e, acima de tudo, aprendeu que a família «é o mais importante».

O avô da atriz estava com um cancro e ela descobriu a morte dele quando estava em gravações da novela em que fazia de Penélope. Um papel cómico que no dia da morte do avô teve de continuar a ser. Melânia teve de continuar a gravar e só mais tarde pensou que já não tinha o avô por perto.

Quatro meses após a morte do avô, Melânia Gomes estava na cama e «acordou em sobressalto». «Aí eu disse: ‘esqueci me de ligar ao meu avô’ e foi duro quando me apercebi que ele já não estava cá», contou.

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«Vou ficar sem chão»

Muito chegada às duas tias, Melânia não sabe como vai reagir quando as tias morrerem. «Não sei se vou estar preparada para perder as minhas tias. Desde que o meu avô morreu que eu me vou preparando. Por mais que eu queira eu sei que elas não vão ser eternas. Quando eu perder as minhas tias vou ficar sem chão», confessou.

Sobre a maternidade a atriz confessa que agora, mais do que nunca, sabe que é «capaz». O marido da atriz tem mais 13 anos de idade do que ela e sentem que já está na altura para ter um filho. «Eu vou saber cuidar dele», terminou.

Texto: Redação WIN/ Fotografias: Reprodução Instagram