Júlia ajudou Cristina na altura do assédio sexual

A apresentadora da SIC escreveu uma crónica sobre a revelação de Cristina Ferreira no livro “Sentir”.

08 Jan 2017 | 11:06
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A notícia caiu que nem uma bomba na imprensa portuguesa.

Aquando do lançamento do livro de CRISTINA FERREIRA, “Sentir”, a apresentadora assumiu ter sido vítima de assédio sexual na TVI. Depois disso, muito se falou, mas só agora, JÚLIA PINHEIRO se pronunciou sobre o assunto na sua plataforma digital, julia.pt. “Cristina Ferreira não foi a primeira profissional de televisão a revelar as dificuldades de quem sofre a pressão do assédio sexual na vida laboral”, dando de seguida o exemplo de Elisa Domingues, também ela vítima deste crime, mas na estação pública.

Num texto longo, apresentadora do “Queridas Manhãs”, SIC, revelou ainda que nunca sentiu na pele essa situação. Mas não esconde que assistiu a vários episódios, pois na verdade, “estes crimes acontecem em todos os setores laborais (…)”.

No caso de Cristina, Júlia revelou estar a par de tudo e de se ter sentado com a apresentadora da TVI para resolver a situação. “No caso da Cristina Ferreira, estou perfeitamente à vontade para exprimir a minha opinião. E sei que o seu comportamento nunca se pautou pela duplicidade ou pela sugestão de um flirt que poderia correr bem. Sei o que lhe fizeram e o que ela fez. Dada a delicadeza da situação, Manuel Luís Goucha, um cavalheiro ímpar, fez as primeiras revelações. Com a discrição que o caracteriza e perfeitamente consciente da gravidade dos factos. E, por fim, Cristina Ferreira contou o que se estava a passar, pediu ajuda, sentou-se comigo e com outros dirigentes da empresa para a qual trabalhávamos e gizámos uma estratégia. Protegemos a vítima e alertámos o agressor. Como é típico nestes casos, a resposta foi ambígua e defensiva. Um exagero, uma má análise dos factos, uma brincadeira que não tinha sido entendida. Mas aconteceu e teria prosseguido se por acaso a pessoa em questão permanecesse por perto. Muitas mulheres não têm tanta sorte. Os seus interlocutores desvalorizam ou tendem a ignorar as ocorrências. Cristina Ferreira respirou de alívio e prosseguiu o seu caminho. Por outro lado, não foi tão bafejada pelo destino quando alguns órgãos de comunicação noticiaram estes incidentes e ilustraram a notícia com fotografias desta profissional em produções de moda com decotes, tecidos transparentes ou saias curtas. De forma sub-reptícia, validam o crime, servem para firmar que a sua escolha de vestuário era um convite. ‘Estava mesmo a pedi-las’… é esta a mensagem oculta. Repugnante e triste”, escreveu.

E o desabafo nesta “Crónica da Má Língua” continuou. “(…) Namorei e casei-me com um colega de trabalho. Mas, desde a minha mais tenra juventude, nunca deixei que o meu corpo fosse alvo de gula, de comentários ou de insinuações. A clareza e a confrontação desanuviam o ambiente. Só fui traída pelos acontecimentos uma vez e foram as circunstâncias que ditaram a ofensa. Uma noite alguém se deixou ficar para trás num palco para poder desfrutar do momento em que eu trocava de roupa. E assim fiquei exposta, quase desnudada, sentindo aquele olhar sobre mim e sem me poder defender. Até hoje, guardo esse momento como uma violação sem sentido… E quando procurei explicações foi-me dito que eu tinha visto mal… Existem homens desprovidos de qualquer sentido de honra ou de cavalheirismo. Eu não sabia, mas estava a falar com uma amiba. Sem código moral ou vida interior. Espero que nunca ninguém se comporte assim com nenhuma das suas filhas…”

 

 

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