Helena Caldeira, atriz de “Bem Me Quer” deixa alerta: “Ainda não viram nada da Marlene”

Incentivada pela mãe a seguir representação, aos 24 anos, Helena Caldeira estreia-se em “Bem Me Quer”, na TVI, e conta com um fã especial: o namorado que interpreta David, em “Amar Demais”, na TVI.

24 Jan 2021 | 18:50
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Incentivada pela mãe a seguir representação, aos 24 anos, Helena Caldeira estreia-se em “Bem Me Quer”, na TVI, e conta com um fã especial: o namorado que interpreta David, em “Amar Demais”, do mesmo canal.

Leia a entrevista exclusiva, em baixo.

TV 7 Dias – Como está a ser dar vida à Marlene?

Helena Caldeira – Está a ser muito giro. Estou a adorar e a divertir-te muito a fazer a Marlene. Cada dia há uma descoberta nova e me aproximo mais daquilo que eu acho que pode ser esta personagem.

Está a ser um bom desafio?

Está a ser fantástico. É uma personagem que tem muitas camadas, e essas camadas, até chegar ao topo, ao look excêntrico da Marlene, fazem esta personagem cómica. Para além de que é a primeira vez que faço elenco principal de uma novela, por isso o desafio é acrescido. Mas muito gratificante.

Como se preparou para a personagem?

Acho que comecei a trabalhar sobre a personagem no primeiro contacto que tive com o seu guarda-roupa. Percebi de imediato que seria uma personagem arrojada. E depois à medida que fui recebendo os episódios fui ligando os pontos da sua história e consequentemente, de como é que ela comunica com as restantes personagens e quais os seus objetivos. Fui brincando e experimentando em casa com a ajuda do meu namorado, que também é ator, e depois fui para estúdio e deixei acontecer. E a Marlene é também fruto da experimentação e diálogo com os colegas.

Como é contracenar com o Frederico Barata?

Contracenar com o Frederico é estar no presente constantemente. E isso é uma grande mais valia no trabalho do ator e o que mantém as cenas vivas. Sinto que com ele há sempre espaço para propor coisas novas e para o desafio. E por isso posso dizer que também parte da Marlene, pertence ao Frederico, pois também foi com ele que fiz as primeiras cenas e um dos colegas que me acompanhou mais no inicio da construção desta personagem.

O que se pode esperar ainda da Marlene?

Essa já tem sido uma pergunta recorrente e eu digo sempre que da Marlene ainda não viram nada! Ela ainda agora começou com as suas peripécias.

Sente-se à vontade em gravar as cenas mais íntimas?

De um modo geral sim. Ajuda muito ser com um colega com quem sinta alguma confiança e ter um ambiente no estúdio também respeitador. E até agora tenho sido sempre bem recebida, tanto por parte dos colegas, como da equipa ao nosso redor, o que ajuda bastante.

Caso tenha, as cenas de nudez requerem um maior cuidado?

Ainda não tive cenas de completa nudez, mas já gravei algumas cenas mais ousadas e a equipa foi muito cuidadosa comigo e com a própria cena, bem como a realizadora, que fez questão de me proteger e deixar-me à vontade. Por isso sim, existe um maior cuidado com as cenas mais delicadas no geral.

Que feedback tem tido do público?

O feedback que me tem chegado tem sido bastante positivo. O público tem gostado muito da personagem e do meu trabalho, mesmo admitindo que a Marlene tem causado alguns nervos, mas isso também faz parte quando se tem este género de personagem. Até já me têm dito que querem mais Marlene.

Recebe muitos piropos de fãs nas redes sociais? Como lida com esse assédio?

Recebo alguns, mas numa medida saudável. Ainda não me senti propriamente assediada.

Como tem sido gravar com tantas medidas de segurança?

Às vezes é um bocadinho chato, porque não vemos a cara dos colegas nos ensaios, há sempre uma barreira na comunicação, dentro e fora de estúdio. Mas como em tudo, acho que devemos tirar o melhor partido das coisas e neste caso acho que é a surpresa de ver o que o nosso colega está a fazer no momento de gravar, o que nos obriga a estar mais presentes.

O que tem sido mais difícil para si durante esta fase da pandemia?

Sem dúvida tem sido a distância da minha família. E também os ensaios com o Bestiário, o coletivo artístico do qual sou co-fundadora. Tenho tido ensaios em simultâneo com as gravações e os cuidados são triplicados, porque não queremos cancelar espetáculos, nem parar produções. Então os encontros sociais são o estritamente necessário e as saudades matam-se apenas com chamadas telefónicas ou numa vídeo chamada.

Namorar com um ator, facilita o trabalho em casa? O Jorge Albuquerque ajuda-a a ensaiar?

Neste caso sim. Ajudamo-nos a passar texto e damos sugestões de coisas que podemos fazer, ou partilhamos ideias sobre a personagem de cada um.

São críticos do trabalho um do outro? Veem as duas novelas ?

Críticos construtivos, sempre. Eu tenho uma grande admiração pelo trabalho dele e sei que ele também tem pelo meu. Vemos as duas novelas sempre que conseguimos.

Tem conseguido ir ao Alentejo, a sua terra natal?

Não tenho conseguido. Tenho evitado ao máximo ir ao Alentejo porque não quero infetar a minha família, correndo o risco de fragilizar a saúde deles e os seus negócios, obrigando-os a ficar em casa. O que me custa muito.

É difícil deixar a família e vir para Lisboa em busca de um sonho?

Na altura não foi difícil. Eu tinha muita vontade de vir estudar para Lisboa, por isso assim que saíram os resultados das provas da ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema), eu nem olhei para trás !

A sua família apoiou a sua decisão de ser atriz?

A minha mãe desde sempre que me empurrava para coisas artísticas , mas para o meu pai no início foi mais difícil , devido à instabilidade da profissão, mas agora ele é um mega apoio, bem como o resto da família.

Tenho um fascínio por personagens loucas”

 

Tem um percurso mais ligado ao teatro. Como é que define a “magia” do teatro?

A magia do teatro é o poder que ele oferece de transgressão da realidade, de viver uma realidade paralela, que muitas vezes está tão colada à realidade que nós vivemos. Essa linha ténue entre a realidade e a ficção é um espaço cheio de possibilidades e isso é maravilhoso. Eu considero que ser actor é uma profissão de grande privilégio, porque temos oportunidade de nos transgredir e a cada trabalho confrontarmo-nos não só com o mundo, mas connosco. E eu sou uma sortuda, porque tenho um espaço seguro para o fazer, no Bestiário, junto de pessoas que se entregam a essa experiência com o mesmo entusiasmo que eu. E esse espaço onde cabem, e se vê dialogar, diversas linguagens, ideais, tempos, memórias, experiências, visões, realidades, já é por si só mágico.

É muito critica do seu trabalho?

Sou. Mas acho que de uma maneira saudável. Tento não chegar a um ponto em que sofro com isso. Trabalho tanto quanto posso sobre aquilo que eu consigo controlar. E há sempre coisas que não vou gostar, e acho bom sinal. Significa que estou em constante crescimento. É certo que às vezes fico um pouco chateada por não ter visto que havia outro caminho mais interessante para seguir naquela altura, mas no trabalho do ator podemos a cada dia tomar decisões diferentes para as mesmas situações, dependendo do nosso mood e do mood do colega e acredito que quando se analisa algum trabalho deve ter-se em consideração todas essas variantes.

Tem alguma personagem que ambicione muito fazer?

Eu gostava muito de experimentar fazer um Ricardo III versão mulher. Tenho um fascínio por personagens loucas disfarçadas. Mas neste momento eu quero mesmo é continuar a trabalhar e poder experimentar o máximo de coisas diferentes, de diferentes géneros e diferentes registos.

Como é a Helena fora das gravações?

Acho que a Helena fora das gravações não é muito diferente da Helena das gravações. Apesar de nas gravações estar sempre atenta, porque estou a trabalhar, tento sempre estar com um espírito alegre e disponível. Gosto de me sentir bem no trabalho e por isso faço o que posso para proporcionar um ambiente agradável e acredito que isso também é parte de ser profissional. A única diferença é que fora das gravações permito-me a ser mais distraída e viajar um bocadinho.

É uma mulher apaixonada?

Super. Não consigo fazer nada pelo qual não esteja apaixonada. E quando tenho que fazer alguma coisa pela qual à partida não esteja, arranjo algo ou alguma forma de me apaixonar por aquilo.

Casar e ter filhos faz parte dos seus objetivos?

Não. Nessa matéria, acredito que isso deve ser consequência de uma vontade mútua. E por isso neste momento tenho outros objetivos em mente. Até porque já tenho um bebé, que é o Bestiário e já estou a planear fazer nascer outro, que será um projeto de músicas originais.

Texto: Neuza Silva; Fotos: Jorge Albuquerque
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