Maria Ana Ferro estava esta quarta-feira, dia 2, na praia de São João da Caparica quando se deu a tragédia da queda da avioneta. A irmã de Rita Ferro aproveitava uma tarde normal de praia com os três filhos e o pior aconteceu:
“Era só um dia de praia que prometia o do costume. Fui eu e eles. Os meus três filhos. Estivemos algumas horas na praia e íamos ficar mais. Encontrámos uns amigos. Os miúdos andavam entre areia seca o enrolar na toalha a reposição de creme e os dentes a tremer.”
Uma avioneta aterra de emergência no areal e o pânico instala-se. Duas pessoas perderam a vida – um homem de 57 anos e uma menina de oito anos. A correria para cada um salvar os seus foi imediata. Maria Ana Ferro descreve o momento que viveu:
“Estou de pé a olhar para eles e do nada surge uma aeronave a um metro do chão. Põe as rodas na areia, levanta as rodas volta a pôr. aterra. Desliza. 10 segundos. Atirei a Luísa para o meu colo e corri. Aos gritos. Descontrolada. Fora do meu corpo. ‘Os meus filhos! Os meus filhos! Não vejo os meus filhos! Os meus filhos!’ Foi isto que gritei enquanto corri. Vejo o Zé Maria primeiro e depois a Leonor e arrasto todos para a areia seca.”
Nada aconteceu aos filhos de Maria Ana, mas nem todos tiveram a mesma sorte.A irmã de Rita Ferro revela o quão agradecida está por tudo ter acabado bem para si e para os filhos:
“Saímos o mais rapidamente possível dali. Antes chorei muito. Abracei-os o mais que pude e chorei mais e gritei e questionei e agradeci e pensei naquele homem sozinho deitado ali sem um abraço e nos dele que os procuravam. E na outra pessoa que eu ainda não sabia que era uma menina de 8 anos e que tinha a mãe ali. A viver o que eu só temi. Numa escala diferente, muito diferente porque que direito tenho eu, a minha noção da vida deles e do tamanho que ocupam em mim, mudou para sempre. Para sempre vou ter este sentimento do que é a ideia de os perder. Não consigo falar em sorte. O que lhes aconteceu e às outras pessoas que ali estavam foi um milagre. E ao homem de 57 anos e à menina de 8 anos a maior e mais parva tristeza da vida.”
Os motivos da aterragem de emergência são ainda desconhecidos
Pilotos já estão a ser interrogados pela Polícia Marítima
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