Mudar de vida aos 43 anos? Sim, é possível. Que o diga Alexandre Ferreira, conhecido pelo público como ator e que, depois de ter feito um curso de realização, se tornou assistente de operações… na TVI, a casa em que fez a sua última maior participação em ficção, com a novela Ouro Verde, em 2017.
«O curso era uma coisa que eu queria fazer há algum tempo. Antes de ser ator, queria ser realizador, mas depois achei que era mais fácil ser ator. Estava muito enganado», conta Alexandre Ferreira, entre risos, à TV 7 Dias. «O curso, no final, tinha uma parte de estágio e eu fiz esse estágio na TVI.» O estágio, de três meses, durou até ao final de janeiro. «Devem ter gostado do meu trabalho, porque depois contrataram-me», diz.
Contudo, tudo mudou. Alexandre Ferreira disse adeus à TVI esta terça-feira. «Em fevereiro e março estive lá a trabalhar sempre como assistente de operações. Agora, fui dispensado, porque a situação está como está», lamenta, referindo-se à pandemia do novo coronavírus, mas sem descartar um regresso ao canal quando o pesadelo terminar. «Fui contratado porque havia mais trabalho a vir e eles precisavam de mais gente. infelizmente, deu-se esta situação. Quando voltar a haver mais trabalho, pode ser que me voltem a chamar.»
Divórcio espoletou novo rumo de vida
Mas, afinal, o que desencadeou esta mudança de rumo na vida de Alexandre Ferreira? Uma separação, revela o ator, em exclusivo à TV 7 Dias: «Houve um divórcio e, com o divórcio, há uma vida nova. Chegou a altura de fazer coisas que ainda não tinha feito. Por exemplo, neste momento, estou a tirar outro curso, de criação e produção musical, que é também uma área que adoro e em que gostava de estar envolvido. Faço músico desde os 14 anos e agora apetece-me fazer a coisa mais a sério.»
Oiça a canção que Alexandre Ferreira criou sobre o novo coronavírus:
O divórcio entre Alexandre Ferreira e a atriz Vânia Naia aconteceu, «de forma pacífica, há dois anos», mas nunca foi notícia. Deste casamento, que durou cinco anos, nasceu uma filha, Olívia, prestes a fazer cinco anos. A criança está em regime de guarda partilhada, ficando uma semana com o pai e outra com a mãe.
Agora, vivem-se tempos de exceção. «Neste momento, ela está com a mãe, porque eu estive a trabalhar. Para a salvaguardarmos, ficou com a mãe. Vou estar mais 15 dias sem a ver», revela à nossa revista. É o tempo necessário e recomendado pelas autoridades de saúde para o isolamento profilático a fim de se excluir a possibilidade de estar infetado com a Covid-19.
A trabalhar com Goucha e Fátima
Em regime de rotatividade, Alexandre Ferreira foi assistente de operações em todos os programas feitos a partir das instalações da TVI, em Queluz de Baixo. Ou seja, o ator assumiu estas funções em programas como Você na TV!, apresentado por Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes, A Tarde é Sua, conduzido por Fátima Lopes, e Jornal das 8.
À TV 7 Dias, não esconde o «muito orgulho» que sente por ter feito parte da equipa dos noticiários da TVI em tempos de crise. «Foi interessante e desafiante. Foi um bocadinho como estar em frente da batalha. Sem demérito algum para as pessoas que estão com funções muito mais importantes, como na saúde. Mas a malta da informação também tem uma missão muito importante e foi um grande orgulho e uma grande honra estar lá e fazer parte disso», reitera Alexandre Ferreira, que explica o seu trabalho como sendo o braço-direito do realizador em estúdio. «Um assistente de operações é um assistente de realização em plateau. É uma mistura de mordomo com aqueles gajos que estão nas boxs da Fórmula 1», define, em jeito de brincadeira.
E como reagiram os colegas da TVI quando se confrontaram com o conhecido ator numa nova profissão? «Só me perguntavam: ‘Tu não eras ator?’. Respondia sempre: ‘Não, eu também sou ator’. Mas depressa essa estranheza se dissipou.»
Aliás, Alexandre Ferreira faz questão de vincar que está «à espera de convites» e põe de lado a hipótese de que tenha deixado a representação. «Nada disso, estou ansioso por voltar a representar. Aliás, esse era um dos meus maiores desejos para este ano», diz-nos. «Sempre me considerei uma pessoa com jeitinho para várias coisas. Jeito a sério não tenho para nada, mas tenho jeitinho para uma data de coisas. Portanto, quero continuar a tocar nas várias teclas», continua.
A «tecla» da realização, essa, nasceu «nos idos anos 80». «Havia aqueles programas que mostravam os making-ofs dos filmes. Gostava sempre mais de ver o making-of e as histórias todas que se passavam nos bastidores do que propriamente o filme. Sempre foi uma área que me fascinou, mas depois achei que ser ator era menos complicado em Portugal», explica-nos. A vida deu uma volta e Alexandre Ferreira encarna agora um novo papel. Mas, desta vez, ficção de nada tem.
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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Arquivo Impala, Maria Vasconcelos e reprodução redes sociais
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