BRONCA e DÍVIDAS em filme com RITA PEREIRA E PEDRO TEIXEIRA!

Produtora de Portugal Não Está à Venda, filme protagonizado por Rita Pereira e Pedro Teixeira, é acusada de não pagar a atores e técnicos. Mas as versões das duas partes não coincidem.

07 Abr 2019 | 13:14
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A comédia Portugal Não Está à Venda chegou às salas de cinema portuguesas no final de fevereiro. O filme, protagonizado por Rita Pereira e Pedro Teixeira, e que conta com um elenco com nomes como Paulo Pires, Maria Vieira, Ana Zanatti e Sílvia Rizzo, relata tramas e tramóias de políticos corruptos.

Na vida real, a produtora do filme, Original Features, também está envolvida num imbróglio. Mas vamos por partes. O alerta foi lançado na sexta-feira, 5 de abril, por Duarte Grilo. O ator, que no filme desempenhou a função de primeiro assistente de realização, afirma que Marcos Badalo, dona da produtora de Portugal Não Está à Venda, lhe ficou a dever dinheiro pelo trabalho que desempenhou na longa metragem.

«Marcos Badalo deve-me a mim e a mais uns quantos uma bela quantia. Depois de várias tentativas de contacto, fui bloqueado pelo senhor Marcos Badalo, detentor da produtora Original Features (…) Foram bastantes os técnicos e os actores que não viram um tostão. Curiosamente, outros há que sim… Gostaria de alertar todos os meus colegas de profissão, técnicos e actores para este facto. Contactado para liquidar a dívida, o Produtor Marcos Badalo não se digna sequer a responder a uma mensagem. É vergonhoso», escreveu Duarte Grilo no Facebook.

Veja aqui o post na íntegra:

A TV 7 Dias entrou em contacto com Duarte Grilo, que nos explicou mais pormenores. De acordo com o ator, Portugal Não Está à Venda, o primeiro filme da produtora de Marcos Badalo, foi rodado em três momentos diferentes. E, na última fase de rodagem, em 2017, a Original Films apresentou um contrato a atores e técnicos.

«Eu não assinei os contratos porque percebi que não correspondia ao que me foi dito. O que me foi dito era que existia um contrato de distribuição com a NOS e que, quando o filme estivesse pronto e editado, íamos receber o nosso dinheiro», conta.

Duarte Grilo relata que, 15 dias depois do filme estar pronto, Marcos Badalo mudou a versão da história. «Já não se sabia bem, porque o contrato da NOS afinal não era para a edição. Toda a gente acabou o filme na premissa do ver o que é que ia dar. Deu em dois anos de espera sem qualquer palavra da produtora», lamenta. 

Antes do filme ir para as salas de cinema, Duarte voltou a entrar em contacto com o produtor. Voltou a receber um contrato e, mais uma vez, recusou assiná-lo por não concordar com os termos.

 

«Alguns técnicos foram pagos para fazer o trabalho»

 

Questionado sobre se todos os elementos do elenco e da produção foram tratados de igual forma, Duarte Grilo afirma ter conhecimento de atores e técnicos que foram pagos. «Houve muitas pessoas que foram começando o projeto e, ao perceberem no que estavam metidoa, foram-se descartando. Houve pessoas que me disseram ‘Duarte, eu recebi’. Foi isso que me motivou a falar sobre esta situação», explica.

A TV 7 Dias questionou diretamente Duarte Grilo sobre se tinha conhecimento se os protagonistas, Rita Pereira e Pedro Teixeira, foram pagos. «O que me foi dito pelo Marcos é que havia alguns atores com um contrato diferente que lhes dava prioridade a receber. Se é verdade ou não, não sei. O que sei é que alguns técnicos foram pagos para fazer o trabalho», relata, acusando Marcos e André Badalo de serem «pessoas inexperientes que se fiam que as coisas são fáceis». 

Com milhares de euros de prejuízo e cinco semanas de trabalho perdido, o assistente de realização não está a ponderar avançar com uma acção judicial. E lamenta: «Já perdi qualquer esperança de ver dali algum dinheiro. Não vou sequer entrar por aí», afirma.

 

A versão do produtor: «Investimos o que tínhamos e o que não tínhamos»

 

A versão de Marcos Badalo, dono da Original Films e pai de André, realizador do filme, é ligeiramente diferente da de Duarte Grilo. O produtor acusa o assistente de realização de «má fé» e explica os termos apresentados à equipa de atores e produção.

«Toda a gente sabia as condições contratuais em relação ao pagamento dos honorários, que ficariam dependente da receita do filme. Não é o primeiro filme em Portugal que se faz assim. As produtoras independentes inicialmente fazem a proposta e as pessoas aceitam ou não», começa por explicar.

Trocado por miúdos, e de acordo com Marcos Badalo, atores e equipa técnica aceitaram trabalhar a troco de alimentação, deslocações e despesas correntes. Qualquer pagamento extra adviria das receitas de bilheteira. Que, pouco mais de um mês depois da estreia, se revelaram um fracasso, com apenas 6000 espectadores.

«O filme ficou muito aquém das expectativas, teve uma fraca bilheteira. No entanto, isso não invalida nada do cumprimento do contrato», afiança Marcos Badalo, garantindo que «a produtora vai continuar vender o filme para conseguir dividendos de forma a conseguir ir pagando a toda a gente, desde o realizador ate ao condutor».

O responsável da Original Films explica ainda que este tipo de condições são comuns e que toda a gente que participou em Portugal Não Está à Venda as aceitou. «Não há nenhuma razão para neste momento levantar-se esta mentira. Mais ninguém levantou essa questão e contratualmente era uma alínea do contrato em que toda a gente tinha conhecimento disso».

Tal como fizemos com Duarte Grilo, questionámos Marcos Badalo com a dúvida óbvia: porque é que dois atores como Rita Pereira e Pedro Teixeira aceitariam fazer um filme sem quaisquer contrapartidas financeiras?

«Há muitos atores que querem fazer cinema porque fazem muita telenovela e é uma forma de ter reconhecimento o seu trabalho. Todos os atores tiveram conhecimento da natureza financeira disto e participaram. O cinema em Portugal é assim. Os atores correram esse risco», explica o produtor.

 

A versão dos atores: «já sabia que o dinheiro seria uma coisa secundária»

 

Depois das versões contraditórias de Duarte Grilo e Marcos Badalo, quisemos saber o que os atores tinham a dizer. Contactados através da sua agência, Rita Pereira e Pedro Teixeira remeteram-se ao silêncio sobre esta situação.

No entanto, André Nunes explicou sucintamente os pormenores. O ator começa por ressalvar que «cada um sabe da sua combinação» e que este tipo de acordos são comuns quando os filmes não têm apoios, como foi o caso de Portugal Não Está à Venda.

«Eu já sabia à partida que o dinheiro seria uma coisa secundária. Foi uma situação acordada de início. No meu caso, já tinha esclarecido que pagavam despesas, estadia, mas em relação ao cachê iria depender das bilheteiras», recorda André Nunes que faz questão de frisar que não houve qualquer intenção de má vontade por parte da produtora. 

«Na minha situação, a participação no filme até me chegou foi através da minha agência e eu sabia bem das condições.Às vezes, aceitamos participar no projeto mais pela experiência», conclui.

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: Arquivo Impala e redes sociais

 

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