“Andava a flutuar”: Maria Botelho Moniz desaba em lágrimas ao recordar a morte do noivo

Em conversa com Cristina Ferreira, Maria Botelho Moniz falou sobre as mortes do pai e do noivo, com quem planeava casar-se meio ano depois da tragédia. Mas também abriu o coração sobre o novo amor.

19 Dez 2020 | 16:46
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Foi na sua própria casa que Maria Botelho Moniz, de 36 anos, esteve à conversa com Cristina Ferreira, de 43, numa entrevista que se revelou intimista e em que se mostrou com a emoção à flor da pele. A futura apresentadora das manhãs da TVI, ela que vai conduzir “Dois às 10”, ao lado de Cláudio Ramos, a partir de 4 de janeiro de 2020, falou sobre a família, a vertente profissional e da importância do amor na sua vida.

Maria Botelho Moniz, que nos últimos anos sofreu duas perdas marcantes – a do pai, José Moniz, e a do noivo, Salvador Quintela -, revelou à Diretora de Entretenimento e Ficção da estação de Queluz de Baixo, no programa “Conta-me”, como aprendeu a lidar com a ausência de alguém tão importante da pior forma.

 

Saiu do gabinete de Cristina Ferreira e olhou “para cima”

 

Sobre o pai, que morreu há dois anos, de forma repentina, Maria Botelho Moniz confessou que tem “muita pena” por não conseguir partilhar com ele os sucessos profissionais. “Sei que ele ia vibrar. Ia querer saber cada detalhe. Ia querer saber tudo. Era muito orgulhoso de cada pedacinho das nossas conquistas. Tenho muita pena de não poder pegar no telefone para lhe ligar”, assumiu.

A apresentadora confessou, depois, que, assim que soube que ia apresentar o novo programa das manhãs da TVI, saiu do gabinete de Cristina Ferreira e olhou “para cima”. “Olho sempre”, disse, já em lágrimas. “Sempre que me é dada uma boa ou má noticia. Olho para ele. Dedico-lhe muita coisa. O primeiro programa que fizer ao lado do Cláudio será para ele.”

“Não há ninguém que substitua um pai, uma mãe, um irmão. É [um espaço] impossível de preencher. Faz-me muita falta nas coisas pequenas. Às vezes, ainda tenho o instinto de lhe ligar. (…) Não sou capaz de o ver em vídeo, de ouvir a voz dele. Ver essas pessoas em vida é muito pesado”, explicou.

 

A morte do noivo: “Deixei de ser quem era”

 

A morte do ex-namorado foi outro dos marcos mais sofridos da vida de Maria Botelho Moniz. “Nunca mais me despedi de ninguém da mesma forma. Sei que há uma possibilidade, ainda que pequena, de hoje saíres daquela porta e nunca mais te ver. (…) É um choque de realidade com o qual vais ser confrontada. Tens de pensar em quem queres ser. Ser a pessoa amargurada ou ser um raio de luz, que traz sorrisos, bondade e verdade”, defendeu.

Maria tinha 29 anos quando sofreu esta perda. “Sei que estive um ano e meio a viver no meio de um nevoeiro. Quase não sentia os pés no chão, andava a flutuar. Deixei de ser quem era. Tive dez anos um ombro onde me encostar. Tiraram-me o meu apoio, a pessoa com quem planeava estar o resto da vida. Tinha o casamento marcado para dali a seis meses”, recordou.

“Num dia em que eu seja mãe, os meus filhos não vão ser quem eu imaginei. Tinha tudo planeado. Tiraram-me o presente e o futuro A única coisa que sabia é que tinha ficado. Só isso. ‘Estou aqui. E agora, estou onde?’ A minha mãe teve de me dar colo outra vez como se eu fosse um bebé. Esteve a viver comigo tês meses. Queria-me tirar desta casa, vivia aqui com ele. Não quis sair daqui. No dia em que entrou, disse: ‘Vou embora no dia em que me mandares embora’. Tens de criar outros sonhos, acreditar que é possível. É possível rir outra vez. A primeira gargalhada que dei foi um sentimento de culpa.”

 

Ainda mantém contacto com a mãe do noivo

 

Apesar de já se terem passado sete anos desde a morte de Salvador Quintela, Maria Botelho Moniz ainda mantém contacto com a família do noivo, que considera sua família também. “No início, foi muito intenso. São e serão sempre família para mim. A mãe dele será sempre a minha sogra. Mas, a partir de um momento, precisei de respirar e do meu espaço.”

“Ligo à minha sogra todos os meses. Para falar dela. Falamos pouco dele. Tento que seja sempre uma memória feliz. É uma mãe que eu tive durante dez anos”, afirmou, sorridente.

“Lembro-me dele todos os dias. Foi muito tempo, muito amor. Acho que tens que te lembrar das pessoas, pensar nelas. Acredito que eles os dois [Salvador e o pai] estão aqui sentados”, disse ainda.

 

“Como é que alguém gosta de mim sendo eu um ‘farrapo’?”

 

Neste ano, Maria Botelho Moniz voltou a amar e, durante a conversa com Cristina Ferreira, falou abertamente sobre o namorado: Pedro Bianchi Prata. “Estamos juntos desde abril”, revelou para, logo a seguir, lembrar: “Para mim, nem sequer era uma hipótese. Não sentia que fosse possível, não sentia que merecia sequer. (…) Não achei que era justo”.

“Tinha de ser alguém que aceitasse isso. Que sabe que não estaria comigo se a minha história fosse diferente. Não é qualquer pessoa que lida bem com isso. (…) E a vida surpreende-te. É difícil aceitar que alguém goste de ti. Como é que alguém gosta de mim sendo eu um ‘farrapo’? Nem sou pessoa, sou um restinho”, pensou, na altura.

“Eu sei o que é dizerem-te que nunca mais vais ver o amor da tua vida. É apaixonares-te outra vez e pensares: se um dia o telefone toca e alguém te disser o mesmo? Ao início, vivia muito ansiosa. Qualquer viagem de carro era um problema, uma ausência. Agora não”, explicou. “Foi uma das primeiras conversas que tivemos. Era importante que ele soubesse todos os detalhes. Contei muito a medo, mas não escondi nada.”

Maria Botelho Moniz contou que ainda tem “uma fotografia de Salvador no escritório”.

 

Maria Botelho Moniz não tem dúvidas: “Este amor foi-me enviado”

 

Confiante no novo amor, a apresentadora mostrou-se feliz e tranquila com a nova vida. “Os meus filhos não vão ser os mesmos, mas vão ser tão bonitos”, riu-se. “Acho que ele me foi enviado. Há amigos que fiz depois da morte do Salvador que me foram enviados. Este amor foi-me enviado. Pedi muito aos dois: ‘Juntem-se aí, conversem e enviem-me alguém aprovado pelos dois’. Quando menos esperei, bateu-me à porta.”

Sobre Pedro Bianchi Prata, Maria Botelho Moniz revelou ainda: “É alguém que não faz parte deste meio. Preocupa-me a mim que lhe tirei o espaço dele.”

 

Texto: Joana Dantas Rebelo; Fotos: reprodução TVI e redes sociais
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