Adeus TVI: Atriz Marina Mota é o novo rosto da SIC

Marina Mota, que nos últimos dois anos integrou os elencos de “Para Sempre” e “Quer o Destino”, da TVI, vai entrar na próxima novela da SIC.

05 Out 2022 | 15:50
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A TVI deixou escapar mais uma atriz para a SIC. Marina Mota, que nos últimos dois anos integrou os elencos de “Para Sempre” e “Quer o Destino”, tramas do canal de Queluz de Baixo, vai estar na próxima novela da estação de Paço de Arcos.

Na SIC, Marina Mota fez parte de novelas como “Vidas Opostas” (2018), “Espelho d’Água” (2017) ou “Rainha das Flores” (2016). Foi também neste canal que protagonizou e produziu séries de comédia como “Ora Bolas, Marina!”, “Marina Dona Revista” ou “Um Sarilho Chamado Marina”.

 

Marina Mota e o discurso que fez na TVI e se tornou viral

 

O discurso de Marina Mota no programa “Em Família”, da TVI, em dezembro de 2020 da tornou-se viral. A atriz, que é conhecida por ser frontal, arrasou o Governo por ter deixado o “setor da Cultura, entre outros”, chegarem ao estado em que chegaram, devido à pandemia da Covid-19.

“Eu uso poucas cábulas, mas o que é que o amor à arte, por exemplo, me levou a fazer? Levou-me a ler um bocadinho da Constituição da República Portuguesa e é o que eu quero partilhar hoje com os portugueses lá em casa, com o tempo de antena que tiver aqui convosco”, começa por dizer a artista, em conversa com Cláudio Ramos e Maria Cerqueira Gomes.

“O artigo 58.º da Constituição Portuguesa diz: ‘Todos têm direito ao trabalho. Diz ainda que o dever de trabalhar é inseparável do direito ao trabalho. Diz ainda que incumbe ao Estado, através da aplicação de planos de política económica e social, garantir o direito ao trabalho, assegurando:

a) A execução de políticas de pleno emprego;

b) A igualdade de oportunidades de escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado (…).

Isto está na Constituição por isso eu acho que é inconstitucional o que estão a fazer ao setor da Cultura, entre outros, ressalvo, e que estão a inibir os meus colegas. E quando digo colegas, refiro-me aos técnicos de som, luz, auxiliares de camarim, criativos, primeiro os que pensaram neste cenário, depois os carpinteiros que o construíram, as pessoas dos adereços que depois os decoram e não somos nós, nós os privilegiados que estamos em televisão e normalmente pagos para isso. Não é o meu caso, que hoje estou aqui de borla, mas vim de borla só para dar este recado. Há muita gente a passar fome”, continua.

Marina Mota aproveitou o momento para manifestar a sua solidariedade “com os trabalhadores que estão a defender os seus postos de trabalho à frente da Assembleia da República”, como é o caso do chef Ljubomir Stanisic e para “dizer que a Cultura faz parte”. “A Cultura é a identidade de um povo e a identidade de um povo não é Shakespeare, porque senão não temos identidade. É por isso que eu cá estou. Eu não sou jurista, mas era bom que os juristas se debruçassem sobre isto e que defendessem, de uma vez por todas, esta classe”, apela.

O apresentador da estação de Queluz de Baixo concordou “em absoluto” com o que acabara de ouvir. “Temos tido muitas conversas com colegas que são da nossa área e que não são privilegiados como nós [apontando para os três]. Nós somos uns privilegiados”, frisa.

A atriz quis ainda assegurar que, apesar de tudo o que disse, não minimiza “nada os efeitos trágicos desta pandemia”. No entanto, atira: “As pessoas que dizem ‘fiquem em casa, protejam-se’ são seguramente aquelas que têm a sua subsistência assegurada no final do mês. Eu também o faço… se o Governo me pagar para ficar em casa. Aliás, qualquer um destes meus colegas aqui atrás das câmaras, se ficarem em casa e lhes mandarem o ordenado para casa, ou se puderem fazer teletrabalho, fá-lo-ão, seguramente, com todo o prazer. Paguem às pessoas para ficarem em casa como pagam a outras entidades. Nós não somos menores!”

A intérprete pede, porém, que “não venham dizer que vão dar 400€ e um saquinho de batatas”. “Por amor de Deus! Chega desta hipocrisia estúpida que estamos a viver e alguém tem que fazer alguma coisa. E não é a criar a ‘associação A’, ‘associação B’, que defende, cada uma, o seu nicho, que lá vamos. Temos de ser unidos e todos temos importância. Pela defesa dos meus ideais, eu vou a qualquer lado! Temos, de uma vez por todas, de ter um Ministério da Cultura e alguém que o represente, que nos represente, que nos defenda e que nos salve. Ponto final parágrafo”, afiança.

Por fim, a convidada do formato da TVI referiu o facto de os teatros terem sofrido restrições tremendas no que ao público diz respeito. E pegou no caso do Parlamento. “Não pode haver público no teatro porquê? O Parlamento é um teatro. É um espaço fechado, é um auditório, onde estão pessoas a representar-nos e com público. Não funciona todos os dias? É um perigo para a saúde pública? Então paguem-nos para não sermos um perigo para a saúde pública”, remata.

Veja aqui o momento:

 

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Instagram

 

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